domingo, 8 de fevereiro de 2015





Quaresma: tempo de refletir a vida e renovar a fé



Durante os quarenta dias em que passou no deserto em jejum e oração, Jesus foi testado (tentado) e saiu vitorioso. Dessa forma, Ele nos ensina o caminho para que possamos vencer nossas limitações diante do mundo.

A Igreja retoma esse ensinamento, propondo-nos que vivamos esse período  intensificando o jejum, como domínio de nossas próprias vontades; a oração, como fortalecimento da espiritualidade e da fé; e a caridade, como sinal de amor ao próximo.

Ao longo desses quarenta dias – momento de preparação para o ponto alto da vivência do cristianismo, a Páscoa –, o cristão é convidado a refletir sobre sua própria vida, suas escolhas e o caminho que tem tomado em direção a Deus.

A quaresma inicia-se na quarta- feira após o Carnaval, quando as cinzas, sinal de humildade diante da finitude da vida material e com as quais somos abençoados, nos lembram da importância de vivenciarmos nossa fé com atitudes concretas.

Durante esse período, a Campanha da Fraternidade evidencia uma situação da realidade social que necessita de transformação e é proposta pela Igreja para que a própria comunidade, atenta às suas necessidades, avance na solução de seus problemas a partir da reflexão, da mudança e da vivência da mística desse tempo. O lema  “Eu vim para servir” exalta uma Igreja solidária, servidora, missionária e comprometida com a vida, como, belamente, nos é apresentado no hino da campanha para este ano de 2015.



Em meio às angústias, vitórias e lidas,
no palco do mundo, onde a história se faz,
sonhei uma Igreja a serviço da vida.
Eu fiz do meu povo os atores da paz!

Quero uma Igreja solidária,
servidora e missionária,
que anuncia e saiba ouvir.
A lutar por dignidade,
por justiça e igualdade,
pois "Eu vim para servir"

Os grandes oprimem, exploram o povo,
mas entre vocês bem diverso há de ser.
Quem quer ser o grande se faça de servo
Deus ama o pequeno e despreza o poder

Preciso de gente que cure feridas,
que saiba escutar, acolher, visitar.
Eu quero uma Igreja em constante saída,
de portas abertas, sem medo de amar!

O meu mandamento é antigo e tão novo:
Amar e servir como faço a vocês.
Sou mestre que escuta e cuida seu povo,
Um Deus que se inclina e que lava seus pés.
As chagas do ódio e da intolerância
se curam com o óleo do amor-compaixão.
Na luz do Evangelho, acende a esperança.
Vem! Calça as sandálias, assume a missão!
 






Lúcia Farinhas - Janeiro/2015


 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014



O Mistério do Amor

A beleza do mês de dezembro anuncia a alegria de um mistério: Deus se fez menino e veio viver entre nós. Já no nascimento, Jesus nos traz o anúncio da simplicidade e da pobreza, como a dizer que, para encontrá-lo, devemos levar o que de mais valioso temos, o Amor.
 Seguir a Luz é, como para os Reis Magos, caminhar com fé rumo à essência da vida: a caridade, a solidariedade e o bem. O pequeno menino veio nos trazer a boa nova da esperança. Verbo encarnado no seio de uma família humana, é prova maior do amor divino ofertado ao mundo, acolhido no ventre de Maria e no coração de José.
No livro Clareiras: pensamentos cordiais, Padre Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R., Superior da Província do Rio de Janeiro até o inicio do próximo ano, nos conta que a graça divina nasceu criança humana e revestiu a vida de luz e esperança. Com a sensibilidade de quem encontra clareiras abertas por Deus em meio à densa floresta do nosso cotidiano, ele ressalta que toda a preparação para a festa do Natal deve ter como meta transformar o nosso coração, torná-lo mais solidário e voltado para o bem, como uma manjedoura que acolhe a chegada de Deus  Menino em nossas vidas. Jesus, diz Padre Vicente, em toda a simplicidade do seu nascimento, nos traz a divindade do seu amor fraterno, misericordioso e infinito.
Recentemente publicado e reunindo crônicas e reflexões inspiradas na espiritualidade redentorista, Clareiras aborda diversos temas. Quando fala sobre o Natal, Padre Vicente recomenda que, como cristãos, festejemos a data e sinalizemos o ambiente em que vivemos, porém não nos percamos em meio às mercadorias e lojas; antes, preparemos a festa lembrando-nos daqueles que, em meio às dificuldades da vida, também querem fazer parte da comemoração da chegada do Menino Jesus.
Que possamos crescer a cada dia na fé, na esperança e no amor. E possamos renascer na alegria e na paz, presentes que recebemos quando contemplamos a simplicidade e grandeza do presépio.
“Amado Redentor
Se me tivesses permitido pedir-te a maior prova de Amor,
Jamais teria ocorrido a mim
Pedir-te que nascesses menino.
Mas tu fizeste o que nunca me teria atrevido nem a pensar”
(Santo Afonso)

Lúcia Farinhas
05/11/2014



 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014



Novos rumos para a Educação no Brasil
O Brasil ocupa o 38º lugar no ranking mundial de educação, ficando à frente apenas do México e Indonésia.  O 1º lugar fica com a Coreia do Sul; e o 2º lugar, com o Japão.
É instigante pensar que a educação é sempre uma das bandeiras favoritas dos políticos em época de eleição. No Rio de Janeiro, temos um sistema educacional meritocrático, em que as diferenças e peculiaridades de cada comunidade não são consideradas.
A cada dia, percebe-se o crescimento de um desinteresse social pelas questões educacionais. É evidente a fragmentação familiar como fator que afeta diretamente os resultados de nossa população. Problemas sociais graves como drogas, roubo, depredação e violência também encontram lugar dentro das escolas.
Observa-se que há um crescimento bastante significativo nas licenças médicas que envolvem os professores regentes, bem como o absenteísmo e as exonerações dos mesmos.
Então, com tantos anos de promessas, tantas novidades surgindo a cada novo governo, questiona-se como os índices podem piorar e ainda, a realidade tornar-se mais difícil a cada dia, nas salas de aula?
Todas essas questões, conjugadas, resultam num sério quadro de falência educacional, que se confirma com os resultados de nosso país no ranking mundial.
Saindo um pouco da esfera educacional e rumando para a social, percebemos que questões como fraude, corrupção, roubo, desrespeito e impunidade são apenas alguns pontos bastante comuns na administração pública, haja vista os escândalos comumente explorados pela mídia, envolvendo nossos representantes. Diante disso, é mister a mudança dos rumos educacionais do nosso país, com consequências diretas nos estados e municípios.
Durante a Copa do Mundo, a atitude do povo japonês em recolher o lixo no Maracanã, fato amplamente comentado pelos meios de comunicação, foi exemplo de cidadania e respeito. Ao analisar brevemente o currículo educacional do Japão, imediatamente nos deparamos com disciplinas como “Técnicas Domésticas” e “Educação Moral”. Atualmente, há o estudo e a preparação de uma reformulação educacional, onde a liberdade e a criatividade serão priorizadas para uma melhor qualidade de vida da população. Mesmo diante de resultados favoráveis, o país busca qualificar cada vez mais os cidadãos.
Diante disso, fica claro o quanto o Brasil precisa caminhar ao encontro de uma educação de qualidade, em que o ser humano seja contemplado em sua totalidade e virtudes e valores humanos como a solidariedade, o amor, a caridade, o respeito e a verdade sejam cultivados. Não há possibilidade de desenvolvimento humano satisfatório sem que se inclua no currículo o ensino religioso, que vem justamente trabalhar a transformação social de que tanto nos ressentimos.
 Segundo a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96, Artigo 33, redação alterada pela Lei nº 9475/97. "O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo."   É necessário que os problemas sociais que ora enfrentamos cotidianamente, sejam trabalhados nos meios educacionais sob a ótica do ensino religioso, onde a totalidade humana é estimulada e resulte na formação da base do caráter do povo brasileiro.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, "o ensino religioso necessita cultivar a reverência, ressaltando pela alteridade que todos são irmãos. Só então a sociedade irá se conscientizando de que atingirá seus objetivos desarmando o espírito e se empenhando, com determinação, pelo entendimento mútuo."  De acordo com os PCN, a formação da Cultura da Paz está na essência do ensino religioso, que não propõe a catequese dentro dos sistemas escolares, mas sim através da vivência da transcendência, a formação de personalidades que busquem o diálogo, a união e convivência harmônica e respeitosa entre as diferenças.
Diante do fracasso social em que estamos inseridos, o ensino religioso não é mais uma disciplina do conhecimento que se apresenta como alternativa. Ele aparece como condição fundamental para que o país assegure aos sistemas educacionais a devolução social de um cidadão pleno, ativo e preparado para contribuir para a evolução e desenvolvimento do Brasil.
Lúcia Farinhas
22/09/2014